O que é o Quiet Quitting?

O conceito ‘’Quiet Quitting’’ surgiu na rede social TikTok e, segundo a explicação de utilizadores da rede, este fenómeno não é exatamente uma demissão, mas sim um movimento que é marcado pela execução mínima de tarefas, não existindo qualquer esforço adicional para suprir objetivos e metas comuns a toda a estrutura de uma empresa.

Esta nova tendência tem vindo a ganhar popularidade sobretudo nas camadas mais jovens e tem tido cada vez mais espaço para debate público. A premissa para este movimento, que viu a sua proliferação ganhar uma considerável amplitude em tempo de pandemia, parte do princípio de que o trabalho não deverá em momento algum afetar negativamente o contexto pessoal dos colaboradores. Assim, é sobretudo prevalecida uma definição clara sobre aquilo que realmente é necessário ser desenvolvido em contexto laboral, não havendo margem para esforço extra.

Quais os principais sintomas de Quiet Quitting

Ao longo da história, os espaços de trabalho já experienciaram, um pouco por todas as indústrias, várias tendências e movimentos. Uns perduraram no tempo e outros não passaram de breves costumes. O certo é que hoje conhecemos e experienciamos o nosso trabalho, fruto de todas as alterações implementadas desde outros tempos que nos antecederam. Assim, mais importante que nunca, é fundamental, as empresas desenvolverem as suas estratégias com foco na antecipação de outras tendências que o futuro trará, por forma a minimizar o impacto negativo na sua estrutura, ou até beneficiar de tal prognóstico. Atualmente, e tal como noutros movimentos, existem sintomas cujos sinais poderão representar uma oportunidade de intervenção. É possível por isso, identificar casos desta nova tendência através de determinados padrões comportamentais como os que se seguem.

Recusa de tarefas para além daquelas realizadas na rotina

A falta de planeamento e de gestão de prioridades poderá originar situações de revolta e de desmotivação por parte dos colaboradores e que pode, em situações limite, levar à rejeição de tarefas que possam ser atribuídas, mas que vão além daquilo que é solicitado na sua rotina comum de trabalho diário.

Redução do envolvimento emocional com a empresa

Os colaboradores que, consciente ou inconscientemente, fazem parte deste movimento, apercebem-se que os valores corporativos e que lhes é solicitado não vão ao encontro com as suas crenças, o que leva a um inevitável afastamento emocional da empresa e, numa primeira instância, daquilo que lhes compete desenvolver.

Menor motivação em superar as expetativas e atingir objetivos

Um dos pontos que merece atenção das organizações, passa também pela contração dos níveis de motivação que conduzem os colaboradores a atingir resultados e metas organizacionais. Na prática, os colaboradores que se encontrem nesta situação mostrarão pouco ou nenhum interesse em alcançar objetivos que durante o seu desenvolvimento implique um esforço adicional.

Perda de interesse em conseguir promoções

Motivado pela ideia de cumprir aquilo a que se propõe e razão pela qual foi contratado, um colaborador que atravesse uma fase destas, mesmo com uma definição clara do seu plano de carreira, acabará por perder o interesse em progredir através do mesmo. Em alguns casos, essa falta de ânimo poderá estar associada a uma alternativa profissional que possa ter eventualmente surgido.

Como afeta a empresa

Esta tendência e principalmente o seu diagnóstico atempado pode, porém, ser uma oportunidade para as empresas promoverem o tema da saúde mental entre os seus colaboradores, além de eventualmente se refletir no negócio, já que os principais indicadores de retenção de talento e, em geral, da eficiência operacional, poderão assistir a um incremento positivo.

Um colaborador feliz é produtivo e mais comprometido com o seu trabalho. Ao dedicar mais tempo à sua vida pessoal, família, amigos e hobbies, poderá estar mais disponível na sua rotina laboral, tendo outra sensibilidade para o objetivo comum da organização, através de um compromisso e de uma entrega rigorosa em relação ao seu trabalho.

Como pode a empresa ultrapassar estas situações

Para evitar estes episódios de prejuízo, as empresas devem adotar um conjunto de medidas simples de implementar na análise inicial a fim de melhorar o seu ambiente organizacional. Uma gestão mais flexível e empática, sensibilizada com as necessidades reais da sua equipa poderá ser atualmente subvalorizada, na medida em que, cada vez mais são colocadas à prova as competências técnicas de gestão de quem ocupa estes cargos, contudo serão também as competências sociais que irão ditar o seu bom desempenho e definir a sua imagem de liderança.

Por outro lado, igualmente importante, será a celebração das conquistas e das metas organizacionais, mesmo aquelas que possam não ser o propósito final. O importante é identificar pequenas otimizações do dia-a-dia que, não sendo propriamente o resultado objetivado, são avanços reais no método de toda a equipa, que levarão ao propósito pretendido.

Por foram a mitigar os eventuais impactos desta tendência, as empresas deverão explorar não só a capacidade do pensamento geral, mas também intervir e agir individualmente, na medida em que cada indivíduo é único e, embora seja necessário adaptar-se à cultura organizacional, é fundamental que a empresa compreenda coletivamente a singularidade de cada um.

Noutro espectro, os eventos de formação ou de team building são uma ótima estratégia para fomentar o engagement e criar laços entre os elementos das equipas. Estes momentos em grupo, afastados da pressão, e-mails ou prazos, ajudarão a criar um senso de coesão e motivação que pode muitas vezes ser contagioso e tornar todo o ambiente mais harmonioso.

É importante referir ainda que a possibilidade de crescimento na carreira, seja de formação ou outros benefícios, tornará a sua empresa mais atraente para quem está de fora e mais confortável para quem nela trabalha, investindo por isso nos embaixadores mais importantes da sua empresa – os colaboradores, sendo a sua recomendação, positiva ou negativa, uma das mais poderosas para constituir a imagem do seu negócio, de um ponto vista externo.

A adoção destas medidas poderá assim determinar a eficácia de um processo que envolve a concretização de objetivos individuais e coletivos dentro de uma empresa e igualmente contribuir para um aumento sustentável da retenção de profissionais qualificados.

//Gostou do artigo? Partilhe-o nas redes sociais